Giacomo Balla, Dinamismo de um Cão à Trela

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Giacomo Balla, Dinamismo de um Cão à Trela
Óleo sobre tela, 91 x 100 cm, 1912


Dinamismo de um Cão à Trela é o título desta pintura de Giacomo Balla e que data de 1912. E vemos, de facto, um cão, uma trela e uma mulher. Estamos diante de uma pintura futurista. No futurismo encontramos uma importante característica que é a de captar o movimento de um corpo no espaço. Recuemos, porém, um pouco na data, até encontrarmos o trabalho desenvolvido por Etienne-Jules Marey e Eadweard James Muybridge.

Tanto Marey, como Muybridge eram interessados pelo movimento dos corpos no espaço e que captaram através da fotografia, durante a segunda metade do século XIX. Etienne-Jules Marey criou a pistola de cronofotografia, sendo que a cronofotografia se define como um conjunto de fotografias de um corpo em movimento, destinado a mostrar as posições sucessivas que esse corpo adquire durante uma determinada acção. Com esta técnica conseguimos captar cada uma das fases do movimento de um corpo ao longo de uma determinada acção. Pensemos, por exemplo, num cavalo em corrida e imaginemos as várias posições que o seu corpo vai adquirindo ao longo dessa corrida (as posições das patas, da cabeça, etc). A pistola de cronofotografia era um instrumento útil, pois captava, numa mesma imagem, as várias posições de um corpo em movimento. No entanto, apesar da cronofotografia ser uma técnica útil para captar o movimento, o resultado dela aproxima-se mais do Nu Descendo uma Escada, nº 2, de Duchamp (também de 1912), do que desta pintura de Balla, no sentido em que o cão e a mulher estão a andar, mas o percurso é-lhes anulado, como se mexessem os membros mas sem saírem do lugar. Independentemente desse aspecto, o que vemos no Dinamismo de um Cão à Trela são as várias fases dos corpos em movimento. E Giacomo Balla fá-lo, entre outros aspectos, através da multiplicação dos membros do cão e da mulher ou, melhor dizendo, através da multiplicação das posições que os membros adquirem durante o movimento. E reparamos ainda que os membros do cão estão multiplicados mais vezes do que os membros da mulher, indicando que há uma diferença na velocidade entre o movimento dos membros do cão e o movimento das pernas da mulher. Por outras palavras, o ritmo a que o cão move as patas é mais rápido do que o das pernas da mulher.

Origem da imagem: Albright-Knox Art Gallery

Autor do texto: Nuno Bastos


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