Richard Hamilton, Afinal o que é que Torna as Casas de Hoje em Dia tão Diferentes, tão Atractivas?

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Richard Hamilton, Afinal o que é que Torna as Casas de Hoje em Dia tão Diferentes, tão Atractivas?
Colagem, 26 cm x 24,8 cm, 1956


O artista plástico inglês Richard Hamilton criou, em 1956, uma colagem com recortes de revistas da época, cujo título é Afinal o que é que Torna as Casas de Hoje em Dia tão Diferentes, tão Atractivas?

Quando falamos em colagem a partir de recortes de revistas, referimo-nos a uma apropriação de algo já existente. Por outras palavras, o autor, neste caso em particular, utilizou matéria-prima que já existe, limitando-se a reutilizar recortes de revistas norte-americanas. E nesta colagem temos o recorte da sala de estar, que pertencia a uma publicidade sobre uma marca de revestimento de chão que apareceu na revista Ladies Home Journal; o homem musculado é o culturista Irvin Koszewski (um recorte da revista Tomorrow's Man) e a mulher no sofá é a artista Jo Baer que, na sua juventude, havia tirado retratos eróticos, desconhecendo-se, no entanto, a origem deste recorte. As escadas vieram de um anúncio aos aspiradores Hoover, surgido também na revista Ladies Home Journal e o mesmo se passa, ainda que de outras revistas, com o aparelho de televisão, o gravador, o jornal e o recorte da Lua (no tecto da sala) vindo este último da Life Magazine e, na parede, vemos o anúncio à revista de banda desenhada Young Romance que foi publicado na revista Young Love.

A apropriação de objectos que já existem e tornados peças de arte, tinha já sido feita, décadas antes, por Marcel Duchamp. Lembremo-nos dos seus ready mades (os “já feitos”) que eram objectos encontrados/avistados por Duchamp e apresentados como peças de arte.

Nos anos 50 do século XX, a Segunda Guerra Mundial tinha terminado havia pouco tempo e os Estados Unidos surgiram como a grande força económica e como a terra onde era possível tornar realidade os nossos sonhos. As revistas norte-americanas marcavam presença nas bancas do Reino Unido, mostrando como era o mundo (moderno) do outro lado do Atlântico. Esta colagem de Richard Hamilton consiste em recortes que mostram o interior de uma casa moderna, a tecnologia presente nos dias de então e o desejo de conquista do espaço, representado pela Lua. Vemos nesta colagem um claro apelo ao consumo através dos recortes de publicidade das revistas. A palavra “Pop” que surge no chupa-chupa pode ter sido a primeira referência visual que conduziu ao desenvolvimento do movimento que se veio a chamar “Pop Art” (ou Arte Pop).

A Pop Art surgiu no Reino Unido em meados da década de 50 do século XX, mas foi nos Estados Unidos que sofreu grandes desenvolvimentos. Para a Pop Art, a cultura popular, a cultura das massas é a matéria-prima com a qual o artista trabalha. Podemos dizer que a Pop Art apropria-se da iconografia popular para a transformar em arte.


Origem da imagem: Wikipedia

Autor do texto: Nuno Bastos


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